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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

CALENDÁRIOS: PARA CONTAR O TEMPO

Os primeiros calendários que conhecemos surgiram entre os sumérios, um povo que dominou a região entre os rios Tigre e Eufrates (atual Oriente Médio) entre 3500 e 2500 a.C. Foram criados pelos sacerdotes, que estudavam detalhadamente o céu e os astros para entender os desígnios do deus Enlil. 
Visando servir às necessidades cotidianas dos sumérios, os criadores desses calendários dividiram o ano em doze partes fixas às quais era acrescida, de tempos em tempos, uma décima-terceira. Os "meses" sumerianos eram:
1. tempo do morador do santuário, ou seja, o sacerdote;
2. tempo de conduzir o gado para as pastagens; 
3. tempo de cozer os tijolos;
4. tempo de recolher o gado;
5. tempo das queimadas para a plantação;
6. tempo da festa para o deus Ishtar;
7. tempo das peregrinações ao templo sagrado;
8. tempo de abrir os canais de irrigação;
9. tempo de arar a terra;
10. novas festas religiosas;
11. tempo de semear;
12. tempo de colher as sementes.
Assim como os sumérios, um outro povo muito antigo também desenvolveu seu calendário próprio: os chineses. Apesar de ocuparem a região da atual China desde 5000 a.C., os chineses antigos realizaram uma centralização do poder nas mãos de um único rei "apenas" em 1800 a.C. Iniciava-se a primeira dinastia chinesa, chamada de Hsia. Foi nessa dinastia que surgiu o primeiro calendário chinês de que temos notícia.
Na realidade, eram dois calendários: o ano civil, usado pela massa popular, era determinado pelos movimentos da Lua e o ano astronômico, pelo ciclo solar. Este último era usado pelos governantes que determinaram que os anos seriam contados com base nas dinastias, como também ocorreu no Egito. Assim, temos o ano 1 da dinastia Hsia, o ano 2 da dinastia Hsia e assim sucessivamente até o final dessa dinastia. Aí começa novamente a contagem: ano 1 da dinastia Shang e assim por diante. 
Tal calendário foi abandonado pelo governo chinês que assumiu o poder com a proclamação da república em 1911, quando foi adotado o calendário gregoriano (o nosso) a fim de facilitar as relações com o mundo ocidental.
RICARDO DEGUER

domingo, 30 de agosto de 2015

A NOVA HISTÓRIA DO BRASIL

O cenário deve estar quente na sua memória. Nos tempos em que o país era uma colônia de Portugal, só havia por aqui engenhos de cana-de-açúcar, as "plantations", com centenas de escravos. Portugal passou séculos sugando as nossas riquezas. No século 16, o reino português já havia exterminado o pau-brasil, ganhando a madeira dos índios em troca de bugigangas: no século 18 ainda levou embora o ouro de Minas Gerais. Como todas as exportações brasileira eram controladas por Portugal, o país ficou limitado a ser uma colônia agrícola. E aí, lembrou-se dessa imagem? Pode esquecê-la. Essa história está virando, literalmente, coisa do passado. Daqui para a frente, vai conviver com esta aqui: no século 18, a economia brasileira é maior que a de Portugal. O país é repleto de rotas interestaduais de comércio de ferramentas, roupas e alimento, e ainda exporta, fora do controle do rei português, produtos para a Argentina e a costa africana. A descoberta do ouro ergue fortunas que ficam por aqui, tornando o Brasil capaz de ter investimentos para crescer mesmo em épocas de crise internacional. Os homens mais ricos (entre eles, negros e índios) constroem sua fortuna não como latifundiários, mas pelo comércio emprestando dinheiro a juros. A maioria dos brasileiros é formada por homens livres que mantém comércios ou pequenas fazendas. Esse novo passado tem sido descoberto por historiadores nos últimos anos. Dezenas de novos estudos apagam silhuetas tradicionais da história brasileira. E montam uma paisagem nova. Nas próximas páginas, conheça a nova história do Brasil.

UMA HISTÓRIA MAIS TRANQUILA
Grande parte da história que os brasileiros conhecem hoje, aquela que ainda está na maioria dos livros didáticos, foi criada (ou virou consenso) entre 1960 e 1980. Era um tempo mais tenso do que hoje. A Guerra Fria dividia os países, os governantes e os intelectuais entre comunistas e capitalistas. Na América Latina, as ditaduras militares calavam jornalistas e professores, torturavam e matavam dissidentes. Se no governo dominavam os capitalistas, a direita, nas universidades predominavam as ideias e os métodos de Karl Marx, o pai do comunismo científico. Para se opor à ditadura, era estimulante ressaltar histórias de dependência internacional, em que classes sociais lutavam entre si e que tinham as grandes potências como as vilãs. "Era uma leitura do passado que nos preparava para a revolução", diz o historiador Marco Antonio Vila, da Universidade Federal de São Carlos.
Mas o tempo passou. As ditaduras caíram, assim como o Muro de Berlim e a União Soviética. Aos poucos, aos pesquisadores ficaram um pouco mais longe das ideologias e passaram a tirar conclusões sem tanto medo de aderir a um ou outro lado da política. "A geração anterior foi muito marcada pela luta ideológica, exacerbada durante os governos militares. Divergências eram logo transpostas para o campo político-ideológico, com prejuízo para o diálogo e a qualidade dos trabalhos", diz o historiador José Murilo de Carvalho, professor da UFRJ e um dos imortais da Academia Brasileira de Letras. "A nova geração de historiadores formou-se em ambiente menos tenso e polarizado, com maior liberdade de debate e um ambiente intelectual mais produtivo."
A visão clássica do Brasil colonial  nasceu com o intelectual paulista Caio Prado Júnior em 1933. No livro Evolução Política do Brasil, ele afirma que a sociedade brasileira era simples e desigual: "Nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros: mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o mercado europeu.Nada mais que isso". Tudo girava em torno do latifundiário, que deixava só miséria por aqui. A teoria de Caio Prado fez um sucesso tremendo nas décadas seguintes.
Até que, nos anos 90, historiadores descobriram dados que não batiam com a teoria. Registros dos portos do Rio de Janeiro e de Salvador mostravam que, em épocas de crise econômica europeia, quando os preços do açúcar e do algodão desabavam pelo mundo, no Brasil eles mudavam pouco. Mesmo quando as exportações do Rio de Janeiro diminuíram, a compra de farinha e charque do Rio Grande do Sul aumentava.Esses dados sugerem que havia um bom mercado consumidor no Brasil. Além disso, o testamento dos homens mais endinheirados mostrava que a mais endinheirados mostrava que a maioria não fez fortuna exportando cana-de-açúcar, mas fabricando ferramentas ou emprestando dinheiro. Eles compravam fazendas só depois de ricos, para ganhar status de proprietários de terra e eventuais títulos de nobreza.
O maisrecente estudo com essa nova visão virou o livro História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira, lançado em2009. Ele mostra mais um mito do Brasil colonial: a ideia de que só havia por aqui uma enorme massa de escravos e seus senhores. Em 1819, os escravos eram um quarto da população total, de 4,4 milhões de pessoas. E, entre os brasileiros livres,91% deles não tinham escravos. "Com essa população, o Brasil tinha uma economia maior que a de Portugal", diz Jorge Caldeira.
Os mitos do outro lado, os da direita, também estão com os dias contados. No caso da Guerra do Paraguai, glorificada pela caserna, hoje ninguém discute que os soldados negros foram entregues à própria sorte no campo de batalha, sendo os primeiros a morrer. Alguns, inclusive, foram à guerra como "substitutos", no lugar de senhores de escravos que preferiram não arriscar a vida pelo país. Tiradentes, mártir usado como peça de propaganda dos governos desde o início da República, teve sua participação na Inconfidência Mineira bem diminuída.Falando em República, hoje se reconhece que, logo depois que os militares a proclamaram, em 1889, o Brasil regrediu em diversos pontos. A censura à imprensa, por exemplo, foi um dos primeiros atos do proclamador em pessoa, o marechal Deodoro da Fonseca.
A história de qualquer país nasceu no berço do patriotismo. Na tentativa de construir um passado comum entre os habitantes e deixá-los orgulhosos do lugar onde viviam, surgiram relatos de grandes artistas e heróis, tradições milenares, mitos da fundação do país e datas nacionais. No Brasil, esse tipo de leitura da história surgiu principalmente com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), de 1838. O órgão teve uma importância gigantesca para o país.O próprio imperador dom Pedro II participava de suas reuniões, de onde saíram os primeiros grandes relatos da história brasileira, caso do Como se deve descrever a História do Brasil, do naturalista Carl von Martius, de 1840, e a História Geral do Brasil, escrito por Francisco Varnhagen em 1854. Por trás dessas obras, havia sempre uma moral edificante e uma tentativa de valorizar a pátria.
Esse modo de ver a história cria um vício: tudo passa a ser visto de forma parcial. Se alguém do seu país consegue mesmo um grande feito, tende a ganhar uma aura de herói. E ai de quem questionar seus feitos. A aura em torno de Santos Dumont no Brasil é um dos maiores exemplos disso. Aqui ele é o pai da aviação. E ponto final. No resto do mundo, engenheiros e historiadores consideram os irmãos americanos Orville e Wilbur Wright mais importantes para o pioneirismo das máquinas voadoras. E é fato. Não se trata apenas de esforço dos EUA em vender seus heróis. Ao contrário do que muita gente acredita no Brasil, os irmãos americanos voaram na presença de testemunhas antes de Santos Dumont apresentar o 14 Bis ao mundo. No dia 5 de outubro de 1905, fizeram um único voo de 39 minutos, percorrendo 38,9 quilômetros. Já o 14 Bis, em novembro de 1906, voou 220 metros de distância a uma altura máxima de 6 metros. E foi abandonado 5 meses depois, quando sofreu uma queda da lateral e teve uma das asas despedaçadas. Se as últimas linhas despertaram em você alguma emoção mais quente, tenha calma. Ao contrário da história do século 19, a atual não se preocupa em criar ícones de heroísmo nacional e descrever grandes feitos. Na verdade, uma parta dos intelectuais de hoje se dedica a investigar como grandes lendas da história ganharam forma - e esse trabalho tende a destruir mitos consagrados.
Um exemplo lapidar dessa tendência é o livro Aleijadinho e o Aeroplano , publicado pela historiadora Guiomar de Grammont, da Universidade Federal de Ouro Preto, em 2008. A obra mostra como a imagem do escultor mineiro Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, não veio de documentos históricos, mas da cabeça de um escritor.
A primeira biografia de Aleijadinho foi escrita pelo jurista e deputado mineiro Rodrigo Ferreira Bretas em 1858. Mesmo sem fontes e documentos para provar o que dizia, Bretas descreveu seu personagem com detalhes horripilantes. A partir dos 47 anos, o escultor teria sofrido de uma doença desconhecida, que o fizera perder os dedos, os dentes e curvar o corpo. Para poupar os passantes de topar com sua feiúra, o homem entocava-se em igrejas, separado do mundo com cortinas improvisadas. Para a historiadora, o mais provável é que a fonte de inspiração da biografia de Bretas sejam personagens literários populares no século 19, como Quasímodo, o corcunda de Notre Dame do livro do escritor francês Victor Hugo. Os dois são impressionantemente parecidos. Como Aleijadinho, Quasímodo era um belo-horrível: apesar de ter uma aparência desfigurada, era capaz de boas ações. A descrição de Victor Hugo caberia muito bem a Aleijadinho: "A careta era o próprio rosto, ou melhor, a pessoa toda era uma horrível careta: entre os dois ombros, uma corcunda enorme da qual o contra golpe se fazia sentir na parte frontal de seu corpo; um sistema de coxas e de pernas tão estranhamente tortas que se tocavam apenas por meio dos joelhos". O personagem de Bretas era tão fascinante que pegou. O biógrafo ganhou prêmios de dom Pedro II e virou sócio-correspondentes do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
No começo do século 20, os modernistas viram em Aleijadinho a expressão da cultura mestiça brasileira, já que o escultor era filho de um português com uma escrava. O problema é que isso é uma das poucas coisas que se sabe mesmo sobre Antônio Francisco Lisboa. Não só a biografia escrita sem base em documentos e décadas depois de sua morte não ajuda como também há outro empecilho: não dá para saber quais obras realmente são dele. Não havia o costume de assinar esculturas naquela época. Mas a lenda em torno de seu nome ficou tão forte que Aleijadinho virou uma grife. E o número de obras atribuídas a ele explodiu. Na década de 1960, eram 160 esculturas; hoje são mais de 400. Pesquisadores consideram isso um exagero. Mas, ao que parece, a verdade não importa tanto. A aura vale mais. Só que a nova historiografia pode acabar com isso.
Por 3 séculos, os homens mais poderosos na vila que deu origem a Niterói, no Rio de Janeiro, eram os Souzas. Em 1644, Portugal concedeu a um rapaz chamado Brás de Souza o cargo de capitão-mor daquela aldeia. A justificativa era que se tratava de um "descendente dos Souzas, que sempre exercitaram o dito cargo". O reino deu um argumento parecido 150 anos depois, quando outro Souza, Manoel, ganhou o cargo de capitão-mor. Segundo o órgão do reino português, o homem devia receber o posto porque tinha uma "ascendência nobre". O curioso é que aqueles senhores bem-nascidos não eram descendentes de nenhum português com sangue azul. O primeiro Souza daquela região se chamava Arariboia. Era o líder da tribo dos temiminós que, no século 16, se aliaram aos portugueses para expulsar os franceses e os índios tupinambás do Rio de Janeiro. Depois da vitória, os índios ganharam um nome português e se instalaram por ali. Menos de 100 anos depois, seus descendentes já não se viam como índios, eram os Souzas.
Até pouco tempo atrás, a história admitia só dois personagens indígenas: ou a vítima passiva ou o selvagem rebelde. Mas uma nova figura surgiu: o índio colonial, aquele que se mudou para as cidades e adotou um nome português. Isso aconteceu com os descendentes de Arariboia e com índios de todo o Brasil. Em Minas Gerais, despachos do governador mineiro mostram que muitos índios coropós, gavelhos e croás, que até pouco tempo eram considerados extintos , se mudaram para as cidades para tentar lucrar com a corrida do ouro do século 18. Em São Paulo, censos de 1798 a 1803 mostram centenas de índios com endereço, nome português e profissão - havia agricultores, carpinteiros, músicos...
Outra paisagem que está mudando é a que retrata os bandeirantes, os sertanistas que exploravam o interior do Brasil em busca de ouro e índios que levavam a São Paulo como escravos. Nos quadros clássicos, eles aparecem fortes, bem vestidos, submetendo os nativos à sua vontade. Imagens assim surgiram no século 19, 2 ou 3 séculos depois de os bandeirantes explorarem as florestas brasileiras. Escritores paulistas, na tentativa de criar um passado heróico para São Paulo, reverenciaram os bandeirantes e os descreveram à sua imagem e semelhança, sem influência indígena. "Era uma paisagem imaginada, já que não existem imagens deles anteriores a 1810", diz o escritor Jorge Caldeira. Hoje, acredita-se que a diferença entre índios e bandeirantes fosse bem menor.
Se os bandeirantes tinham alguma roupa, ela se desfazia depois de poucos meses no meio do mato. Por isso, andavam provavelmente nus e descalços. Filhos de portugueses com mulheres nativas, eram mestiços. Muitos cresceram nas aldeias vivendo com tios, primos e irmãos índios. A maioria tinha várias mulheres, dando de ombros à vigilância dos jesuítas, que proibiam a poligamia. "Para a cultura tupi-guarani, um aliado tinha que ser parte da família. Era uma exigência dos líderes indígenas que os europeus tivessem mulheres índias. Isso favoreceu o surgimento de uma população profundamente miscigenada", afirma Caldeira. Um bom exemplo de bandeirante-índio é Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo de Palmares em 1695. Filho de uma índia e de um português, ele cresceu entre aldeias. Ao chegar a Pernambuco para lutar contra Zumbi, teve problemas para se comunicar com as autoridades pernambucanas: ele não falava português, só tupi guarani.

Mito 1 - A Sociedade Brasileira se dividia entre senhores e escravos
Fato - Havia mais pessoas livres do que se imagina. No século 18, 40% da população era de escravos. No começo de 19, 25%. E alguns senhores trabalhavam com os negros, já que tinham poucos escravos. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

HISTÓRIA DA PIZZA


Há muito tempo que o homem saboreia a pizza. Como todo prato antigo, é difícil especificar a sua origem, ainda mais se pensarmos que a pizza não é mais do que uma evolução do pão.
Desde que foram descobertos, por um lado, a fermentação da massa de trigo e, por outro, o forno - graças ao talento dos Egípcios, há mais ou menos seis mil anos -, começou-se a enriquecer os pães de forma achatada com diversos ingredientes, como azeitonas, ervas aromáticas, etc. Segundo anotações do poeta romano Virgílio, os gregos e os romanos faziam pães semelhantes. Ele próprio registrou a receita do moretum, uma massa não fermentada, cozida, temperada com vinagre e azeite, coberta com rodelas de cebola e alhos crus. Se essa mesma massa fosse fermentada, Virgílio teria então a fórmula básica de uma pizza simples.
Em Nápoles, na Idade Média, acreditava-se em duas coisas: no fim do mundo (que chegaria no ano 1000) e nos valores nutritivos do lagano, massa de espessura muito fina, cortada em tiras, que se comia cozida com verduras. Embora se tratasse do antecessor do talharim, parece que as variações sobre o lagano originaram o conceito de picea - e não muito tempo depois aparecia, pela primeira vez, na romântica Nápoles, a palavra pizza. Na verdade, ainda hoje, no Sul da Itália, a ideia de pizza abrange também as massas fritas e recheadas. 
A verdadeira personalidade da pizza, porém, só surgiu depois de a Europa conhecer o tomate, trazido pela América, e descobrir as suas inúmeras aplicações. Finalmente, no século XVII, Nápoles começa a produzir pizzas, atiçando a imaginação e a criatividade dos padeiros que enriqueciam o prato acrescentando leite, alho, mozarella, anchovas e pequenos peixes cicinielli. Alguns, mais inventivos, começaram a dobrar suas massas recheadas, inventando assim o célebre calzone.
Em 1830 foi aberta a primeira pizzaria napolitana, chamada Port Alba, que em pouco tempo se transformou no ponto de encontro de pintores, poetas e escritores famosos da época. Um deles foi Alexandre Dumas, que mencionou nas suas obras as variações de pizza mais populares na segunda metade do século XIX. O autor de Os três mosqueteiros chegou mesmo a descrever a receita de uma pizza feita com banha, toucinho derretido, queijo, cicinielli e tomate.
Outro caso curioso ocorreu em 1889, quando o rei Humberto I e a rainha Margarida passaram o Verão em Nápoles, no palácio Capodimonte. A rainha já tinha ouvido falar muito no prato que se tornara típico daquela cidade. Os comentário na corte eram todos excitantes, mas ela nunca tinha provado uma pizza. Foi, então, chamado ao palácio um conceituado pizzaiolo, Don Raffaelo Esposito. Ele e sua mulher foram apresentados ao casal real, conduzidos à cozinha e começaram imediatamente a preparar sua especialidade. No final, Don Raffaelo ofereceu aos reis vários tipos de pizza - mas a que agradou mais à rainha foi uma que irradiava as três cores nacionais da Itália, verde branco e vermelho, ressaltadas por mozzarela, pelo tomate e pelo basílico. Negociante esperto, Don Raffaelo logo ali a batizou de Pizza Alla Margherita, o que lhe rendeu avultados lucros no seu restaurante e notoriedade histórica na culinária italiana.
Juntamente com a Pizza Napolitana, a Pizza Alla Margherita fez Nápoles conquistar a Itália, e, logo, a Itália conquistar o mundo, pela via gastronomica. Acrescente-se à pizza um vinho saboroso e uma canção aveludada e compreender-se-á por que razão a Itália ficará para sempre como a terra do prazer e da paixão. 
Existe, porém, uma outra versão para o aparecimento da pizza. Trata-se de uma bem-humorada lenda napolitana que afirma ter a pizza surgido da preguiça de um grande cozinheiro da cidade. Vendo a massa à sua frente e enfastiado por ter que a cortar pacientemente, até chegar à forma de macarrão, pegou no molho de tomate e atirou-o para cima da pasta estentida, e levou ao forno para ver o resultado. E assim teria nascido a pizza. 


domingo, 1 de janeiro de 2012

CARMINA BURANA

Conforme o canto Gregoriano foi evoluindo, foram surgindo inovações dentro da música rígida e religiosa da Idade Média. Dentre essas novas evoluções tivemos os "goliards". Conhecem-se com este nome os frades que, tendo abandonado os seus conventos, pediam esmola e vagabundeavam de uma região para outra. Durante a sua estadia nos conventos, tinham recebido uma dupla formação: musical e literária, e exploravam os seus conhecimentos por meio de uma série de canções, regra geral dedicadas ao vinho, à comida e ao amor. Os textos estavam cheios de brincadeiras dirigidas ao clero, à vida de convento e aos costumes religiosos. Dirigiram-se a uma classe social muito concreta e dizia-se deles, também chamados clerici vagante, que constituíam uma primeira evidência de contra-cultura ou de cultura "underground". Perdeu-se uma grande parte das canções dos "goliards", mas chegaram até nós testemunhos dessas obras desde o século XI. O primeiro que foi localizado foi o manuscrito de Munique, que procede da Abadiade Beuron, e que foi conhecido com o nome de Carmina Burana, datado do século XII. A atividade dos "goliards" estendeu-se até ao século XV. No século passado o compositor alemão Carl Off fez uma "re-criação" do mencionado manuscrito, utilizando alguns dos seus textos. A sua obra, que tem o mesmo título, Carmina Burana cantiones profanae, foi estreada em Frankfurt em 1973. Eu encontrei esta obra legendada na net. O canto clássico é algo bem difícil para o brasileiro assimilar e gostar pois além de precisar de um bom conhecimento de cultura clássica européia ainda possui algumas coisas que apenas o europeu é capaz de entender, como a alegria com a chegada da primavera depois de um inverno gelado. Para quem gosta, eu trago esta obra e também um aprofundamento em cultura clássica. Bom divertimento. 



Hécuba  é uma personagem da mitologia grega e romana, esposa de Príamo e mãe de 19 filhos. Alguns desses filhos se tornaram famosos como Heitor, Páris e Cassandra. Viu toda a sua prole ser morta e acabou se tornando escrava. Sedenta por vingança cegou o rei Polimestor e matou dois filhos do rei trácio. Foi apedrejada pelo povo e como mordia os que a atingiam os deuses a transformaram em uma cadela cujos uivos assombravam os transeuntes.
Flora era a deusa das flores, amada pelo deus dos ventos Zéfiro. 
Febo era um outro nome de Apolo. Alguns dizem que teria sido um deus anterior a Apolo que acabou por se confundir com ele ao longo do tempo. Apolo personificava o sol e a luz. "Deitado novamente no colo de Flora, Febo novamente sorri" significa apenas que raios de sol iluminam as flores. Ê povo complicado. 
Os prêmios do Cupido e de Vênus como todo mundo já deve saber é o amor. No entanto, o que tem Páris a ver com isso? Já ouviu falar do pomo da discórdia? Dizem que a própria deusa da discórdia entregou esse presente de grego para os deuses pedindo que fosse entregue à mais bela das deusas. Isso gerou um problema já que Juno, Vênus e Atena se consideravam, respectivamente, as donas do pomo. Decidiram então entregar o pomo a Páris e pedir que ele escolhesse a mais bela. Faça como Páris no caso é escolher o amor, ou seja, escolher Vênus como a mais bela conforme é relatado no mito. 
Décio Olha, não estou bem certa sobre esse Décio, mas talvez se refira a um imperador romano famoso por sua perseguição aos cristãos (cometeu atrocidades comparáveis à de Nero, aquele que botou fogo em Roma). Foi o primeiro imperador romano a morrer na mão de povos pagãos em guerra. 

Baco era o deus do vinho. Seu rituais eram verdadeiras orgias com muito sexo, comida e bebida. 
Brancaflor foi o nome usado por várias personagens femininas nos contos do Rei Arthur. Geralmente acaba se apresentando como a consorte de um dos cavaleiros da távora redonda, o Percival ou Perceval.
 Helena aqui citada seria a de Tróia cujo amor que insuflou em Páris foi responsável por toda a guerra de Tróia. Apesar das representações em pinturas clássicas, a mais bela das mulheres da era clássica seria etíope, e portanto, negra. 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

ARTE EGEIA

Antes do aparecimento da arte na Grécia continental, várias civilizações antigas prosperaram no mar Egeu e seus arredores, sendo que a primeira delas foi a civilização das ilhas Cíclades, num arquipélago que fica no sudeste da Grécia continental. A partir de 3.000 a.C., uma onda de colonos da Ásia Menor começou a produzir uma variedade distinta de estatuetas usando o mármore da região. Muitas delas representam mulheres numa pose simples e ereta, com os braços cruzados em frente ao peito (à direita, em cima), embora também tenham sido encontradas algumas esculturas masculinas: os homens costumavam ser retratados com instrumentos musicais ou armas. A utilidade dessas estatuetas permanece um mistério. A maioria delas foi descoberta em sepulturas, mas não era nova quando foi colocada ali, por isso certamente tinha algum significado também para os vivos. As esculturas talvez tivessem enfeites pintados, mas esses enfeites se desgastaram com o tempo. As formas concisas e minimalistas das imagens serviram de inspiração para escultores modernos, assim como a estética da escultura tradicional africana influenciou a obra de artistas do início do século XX, como Pablo Picasso (1881-1973), Henri Matisse (1869-1954) e Alberto Giacometti (1901-1966).

  A maior das civilizações egeias surgiu em Creta em aproximadamente 3000 a. C. Os artistas minoicos se inspiraram no Egito, na Síria e na Anatólia, mas fundiram os vários estilos criando a própria arte, extremamente original. Eles se sobressaíram na fabricação de cerâmicas, jóias, afrescos e esculturas de tamanho reduzido. A cultura minoica se concentrava nos grandes palácios de Cnossos, Malia e Festos, que eram conjuntos de construções usados com objetivos comerciais, religiosos e cerimoniais, e não apenas residências. Eles continham armazéns para grãos e oficinas para artistas, além de espaço para grandes aglomerações. Os palácis eram extravagantemente decorados com afrescos. Em Cnossos, ainda existem fragmentos de pinturas retratando as espetaculares procissões e exibições de acrobacias, que exerciam um importante papel no ritual cretense das touradas. Os afrescos também mostram representações vividas da natureza, incluindo um gato caçando um pássaro, um macaco numa plantação de açafrão e um friso de golfinhos azuis. 
 A influência minoica se estendeu ao continente grego, onde teve um grande impacto sobre os micênicos, que properaram na região de 1600 a 1100 a. C. A civilização deve seu nome à antiga de Micenas, no nordeste do Peloponeso. A partir dessa cidade, os micênicos aos poucos estenderam seu domínio por todo o sul da Grécia e pelas ilhas próximas. Eles eram mais guerreiros que os minoicos; seus palácios eram fortificados e deixaram para trás muitas armas e artefatos de guerra. Os antigos gregos se inspiraram em Micenas ao criarem sua própria civilização. De acordo com a mitologia grega, a cidade foi fundada por Perseu e governada por Agamenon, que liderou as forças gregas na guerra contra Troia. Homero descreveu a cidade como rica em ouro na Iliada. 
A descrição de Homero parece ter algo de verdadeiro. Quando o arqueólogo alemão Heinrich Schliemann (1822-1890) escavou um conjunto de sepulturas verticais (mausoléus que consistiam de um fosso profundo e estreito), em Micenas, em 1876, suas escavações produziram resultados impressionantes. Além de muitas jóias e armas enfeitadas com ouro e prata, ele descobriu uma coleção de máscaras mortuárias que eram feitas forjando-se o ouro em folhas finíssimas sobre um molde de madeira. Os detalhes eram mais tarde esculpidos em uma ferramenta afiada, e dois buracos próximos aos ouvidos eram usados para manter a máscara no lugar com fios sobre o rosto do falecido. Schliemann esperava relacionar essas máscaras à corte de Agamenon, e uma das máscaras folheadas a ouro foi chamada de Máscara de Agamenon (esta aí em cima). A máscara, contudo, foi feita 300 anos antes da época do herói grego e provavelmente cobria o rosto de um governante micênico. 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

PARA QUEM ACHA QUE ESTÁ TENDO UM DIA RUIM...

No início do século 20, um dos poucos territórios ainda inexplorados era o Polo Sul. Disputavam o título do primeiro homem a chegar lá o capitão inglês Robert Falcon Scott e o norueguês Roald Amudsen. Foi Scott quem primeiro realizou uma expedição a Antártica, em 1901, sem sucesso (da qual participou o irlandês Ernest Schacleton, que depois também tentaria chegar ao polo por conta própria, em 1907, numa aventura bastante interessante - seu navio ficou encalhado no gelo por meses). Em 1911, nova viagem, desta vez com investimentos pesados - Scott amparado pelos recursos financeiros do então Império Britânico e Amundsen, agora também a caminho, amparado por seu conhecimento e preparo técnico (o que faltava ao inglês). Scott desembarcou primeiro, e enquanto sua equipe aguardava no barco, partiu pelo continente gelado com quatro homens rumo ao Polo Sul. Ao final da viagem, a decepção: descobriram que Amundsen estivera lá um mês antes deles. Abatidos com a decepcionante surpresa, despreparados, sem agasalhos suficientes, sem comida e com gangrena nos pés, a viagem de volta do grupo tornou-se um cruel martírio, que terminou com a morte de todos, a apenas 20 km do acampamento base. Vários livros discorrem sobre a incrível história, como A pior viagem do mundo, escrito por Apsley Cherry-Garrard (um dos membros da equipe de marinheiros que aguardou na embarcação), A última Expedição, do próprio Scott, e o ótimo O Último Lugar da Terra, de Roland Huntford.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

HISTORYPIN

Se você é fã de fotografias antigas sobrepostas a outras mais modernas, você vai adorar esse novo projeto da Google. Chamado Historypin, é um movimento de crowdsourcing (o crowdsourcing é o “novo lugar da mão-de-obra barata": pessoas no dia-a-dia usando seus momentos ociosos para criar conteúdo, resolver problemas e até mesmo para pesquisa e desenvolvimento), interativo, onde você faz o upload de fotos antigas, inclui alguma história e então as marca no Google Maps. Mas qual é o ponto? Diminuir a diferença entre as gerações. Até o momento cerca de 15.000 fotos e histórias já foram marcadas.

1945, Nova York, Nova York



1926, Cornhil
l, Londres, Inglaterra



1952, Johnston Terrace, Edinburgh, Escócia


1955, Spring Street, Los Angeles, Califórnia




1880-1890, Kensington Terrace, Leeds, Inglaterra

BOLO BABA DE MOÇA

 INGREDIENTES PARA O PÃO DE LÓ 6 OVOS, 6 COLHERES DE AÇÚCAR, 6 COLHERES DE FARINHA DE TRIGO, 1 COLHER DE FERMENTO EM PÓ, MANTEIGA PARA UNTAR...