É impossível saber como o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) reagiria se pudesse acessar o Facebook. Mas é provável que se sentisse espantado ao ver a quantidade de amigos que uma pessoa costuma manter na rede social. Nascido na Grécia e aluno de Platão (428-348 a.C.), a amizade foi um dos assuntos aos quais ele mais se dedicou. Dizia no livro Ética a Nicômano que, para existir uma amizade verdadeira, era necessária "a consciência, a qual só é possível se duas pessoas são agradáveis e gostam das mesmas coisas". Quem também muito falou sobre o assunto foi o romano Marco Túlio Cicero (106-43 a.C.), especialmente na publicação Diálogo sobre a Amizade. Ela só seria possível, segundo ele, se tudo o que a envolve fosse verdadeiro e espontâneo.
Entendido isso, você então começa a se lembrar daqueles que realmente estão presentes, na hora da cerveja e na hora do desabafo, até que a morte os separe. Mas também se recorda de quem muito lhe parecer ser amigo, mas não o era de fato. Mais uma vez, quando essa análise se torna mais profunda dentro da mente, assumimos esse "pensar filosófico".
"O conceito de amizade não mudou em nada. É um modo de lidar com o outro extremamente raro e difícil. Dizia-se que quem tinha amigo não necessitava de análise, e isso continua sendo verdade", salienta o filósofo espanhol Jesus Vázquez Torres, doutor em filosofia e ciências sociais e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Nesse sentido, quando preparamos um jantar para um amigo, um almoço em família ou participamos de uma reunião informal, estamos mais uma vez vivenciando conceitos filosóficos. "Compartilhar um bom prato cria uma atmosfera favorável para a sedimentação de amizades profundas. Amizade é um dom, é puramente gratuita e profunda", diz Torres.
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