Quando se fala na mágica das palavras que nos transporta para um mundo diferente, cheio de encanto, imagens, comparações e uma musicalidade que nos fala diretamente ao coração, estamos tentando compreender o que é poesia, pois como diz Mário Quintana:
A POESIA NÃO SE ENTREGA A QUEM A DEFINE...
Um verso nos toca graças à combinação de vários fatores, mas, principalmente pela emoção do poeta ao escrevê-lo. Os poetas são considerados pessoas especiais pela facilidade que têm ao brincar com as palavras, transformando-as com a finalidade de transmitir uma mensagem. Gilberto Gil na letra da música "Metáfora" nos mostra por onde segue o sentimento do poeta:
DE VERSO EM VERSO, A HISTÓRIA DOS POVOS
A poesia nasceu junto com a música, a dança e o teatro. Surgiu da necessidade de comunicação entre as pessoas. Como a literatura primitiva de todos os povos trata de temas religiosos, alguns estudiosos acreditam que a poesia surgiu junto com as religiões. Antigamente os poetas não eram escritores mas sim cantadores de poemas. Um bom exemplo disso está na Bíblia: os Salmos de David, compostos para serem cantados acompanhados por música. Safo - a poetisa grega -, como os poetas romanos Horácio e Catulo, cantava suas poesias acompanhada de um instrumento chamado lira.
Como pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever, a poesia declamada ao som de música servia para transmitir de geração em geração a história do povo. A poesia era essencial para uma verdadeira nação, pois mantinha todos ligados através de uma história que todos podiam conhecer. É possível que a rima tenha sido introduzida para ajudar na memorização dos imensos poemas que, por contarem a história da nação através dos seus heróis, eram chamados de épicos. A Epopéia de Gilgamesh, um épico babilônico de 4000 anos é o exemplo mais antigo dessa forma poética.
A ESCRITA LIBERTOU A POESIA
Na Idade Média surgiram os trovadores, que tocavam um instrumento muito parecido com uma guitarra, o alaúde, e passeavam pela Europa cantando poemas de amor. O Trovadorismo nasceu na França e difundiu-se por toda a Europa; isso lá pelo ano 1000 da nossa era. Os trovadores fizeram música e letra por mais 400 anos mas não deu jeito: a música separou-se da poesia, que passou a ser feita apenas para a leitura.
Apesar do declínio do Trovadorismo, a poesia intimista e sentimental marcou demais a literatura portuguesa e, por tabela, a literatura brasileira.
Aqui no Brasil, a poesia começa com os jesuítas membros da Companhia de Jesus. Os poemas religiosos foram coletados tardiamente: por isso, atribuiu-se a autoria de quase todos a José de Anchieta.
Porém, foi no século XIX, com o Romantismo, que a poesia brasileira enriqueceu, ganhou público e tornou-se verdadeiramente brasileira. Da Bíblia ao Alcorão, passando pelos Vedas, Ilíada e Odisséia, A Divina Comédia e os Lusíadas, Romeu e Julieta, Anchieta, Castro Alves e chegando a Drummond, ela sobrevive e terá sempre seu espaço reservado, pelo menos enquanto o homem souber captar a poesia que existe em todas as coisas.
CANÇÃO E POESIA
Mas não é só adaptando os clássicos que a canção popular leva poesia para as pessoas. Os versos escritos por Fernando Brant para a música "Travessia", de Milton Nascimento, provam que existe muita vida poética no reino dos discos. Confira:
Nós escolhemos um, mas existem pencas de exemplos como este nas canções do mundo todo.
Ainda bem!
TODAS AS COISAS TÊM SEU MISTÉRIO, E A POESIA É O MISTÉRIO QUE TODAS AS COISAS TÊM. (GARCIA LORCA)
Reportagem da revista Super Jovem - Setembro de 1991
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