segunda-feira, 16 de julho de 2012

ESCREVER...POR ONDE COMEÇAR


Quando alguém entra em um curso de artes visuais provavelmente a primeira coisa que terá de aprender é sobre como construir a história. Aí tem início aquele momento assustador em que se está diante daquela tela branca. Geralmente, quem lê muito, acaba vendo ali uma oportunidade de despejar um amalgama de todas aquelas narrativas acumuladas. Alguns escrevem demais. Outros de menos. Outros se perdem durante a narrativa começando com um pato e terminando com um cachorro sem entender precisamente onde foi que o pato virou cachorro. Ah quem mal escreva. Por conta disso, acabei criando em minhas oficinas um sistema de passo a passo na escrita narrativa que tem o objetivo de ajudar os participantes a evoluir pouco a pouco nesse trajeto perene que é a escrita. Apesar de ser um processo pensado para a escrita de Roteiros, pensei que talvez seja interessante apresentar o processo aqui. Vocês me dizem. 
O normal na primeira aula é sondar se a pessoa já possui um argumento também conhecido como enredo. As pessoas geralmente chamam de ideia. É aquilo que aparece numa conversa entre amigos: "Eu tive uma ideia que daria uma ótima história!"
Existem aqueles que tem a "ideia" e aqueles que não tem. Se você já a tem então já possui a base para a construção da sua história. Pode ser algo bobo como uma velhinha descongelando o marido depois de muitos anos para ele ir comprar um carro. Geralmente a ideia nem chega a tanto. Os comerciais e os videoclips costumam ser as representações visuais mais próximas dessa ideia. Geralmente você vê a junção produto + ideia = publico alvo em todos os comerciais. Nesse "+" geralmente  ficam as construções arquetípicas e a linguagem semiótica, mas nisso vamos chegar mais adiante. 
Obviamente, se você ainda nunca teve essa ideia genial que gostamos de jogar no meio das conversar para ver as reações dos amigos, ainda resta como ferramenta a enumeração. Na verdade nas artes visuais ainda resta a opção de pegar a criação de texto de outros, mas como estamos aplicando isso para a escrita, vamos no ater à enumeração.
Enumere coisas das quais você gosta. Uma lista das dez coisas que você gosta ou acha interessante. Depois tente junta-las em um argumento ou ideia. 
Só isso? Claro que não. A ideia original é apenas o começo. É necessário depois pensar no público alvo. Eu falho miseravelmente nesse quesito quando escrevo. Invariavelmente só vou pensar no público alvo depois que a história é concluída. Aí eu vou relendo e reescrevendo. Relendo e reescrevendo. Por isso se quiser deixar o público alvo para depois, isso não chega a ser um grande problema. Apenas não se esqueça de que  uma vez que a obra estiver terminada ela terá de ser encaixada em um dos eixos de interesse para gerar a necessidade que o leitor deve sentir por uma obra. Sobre esses eixos vou conversar na próxima semana. 

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