quinta-feira, 1 de julho de 2010

O scanner e Rudyard Kipling

Você desenha, fotografa e eventualmente acaba tendo de esbarrar no scanner para digitalizar as suas imagens. Aí, em dado momento você esbarra da sigla TWAIN. Mas o que é isso? Trata-se de um padrão de captura de imagens lançado em 1992 que acabou se tornando popular desde então. Em resumo, o TWAIN quando ativado executa um conjunto de ações no computador que possibilitam a ele escanear a imagem e reconstrui-la com dados digitais dentro da máquina. Fácil não é? Difícil é descobrir a origem da sigla. Há quem diga que TWAIN significa 'Technology Without An Interesting Name - Tecnologia Sem Nome Interessante, mas na realidade o origem do nome TWAIN vem do poema de Rudyard Kipling a "The Ballad of East and West", onde a certa altura se pode ler: "...and never the twain shall meet...". Ao criarem uma norma comum a várias plataformas, os membros iniciais queriam com a escolha de TWAIN significar que haviam conseguido unir o Leste e o Oeste, contrariando o escrito no poema. Quando estudamos digitalização acabo sempre passando o poema Se de Kipling para o exercício por ser o mais popular.
SE
Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
e dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling
Tradução: Guilherme de Almeida

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