terça-feira, 8 de maio de 2012

HISTÓRIA DA PIZZA


Há muito tempo que o homem saboreia a pizza. Como todo prato antigo, é difícil especificar a sua origem, ainda mais se pensarmos que a pizza não é mais do que uma evolução do pão.
Desde que foram descobertos, por um lado, a fermentação da massa de trigo e, por outro, o forno - graças ao talento dos Egípcios, há mais ou menos seis mil anos -, começou-se a enriquecer os pães de forma achatada com diversos ingredientes, como azeitonas, ervas aromáticas, etc. Segundo anotações do poeta romano Virgílio, os gregos e os romanos faziam pães semelhantes. Ele próprio registrou a receita do moretum, uma massa não fermentada, cozida, temperada com vinagre e azeite, coberta com rodelas de cebola e alhos crus. Se essa mesma massa fosse fermentada, Virgílio teria então a fórmula básica de uma pizza simples.
Em Nápoles, na Idade Média, acreditava-se em duas coisas: no fim do mundo (que chegaria no ano 1000) e nos valores nutritivos do lagano, massa de espessura muito fina, cortada em tiras, que se comia cozida com verduras. Embora se tratasse do antecessor do talharim, parece que as variações sobre o lagano originaram o conceito de picea - e não muito tempo depois aparecia, pela primeira vez, na romântica Nápoles, a palavra pizza. Na verdade, ainda hoje, no Sul da Itália, a ideia de pizza abrange também as massas fritas e recheadas. 
A verdadeira personalidade da pizza, porém, só surgiu depois de a Europa conhecer o tomate, trazido pela América, e descobrir as suas inúmeras aplicações. Finalmente, no século XVII, Nápoles começa a produzir pizzas, atiçando a imaginação e a criatividade dos padeiros que enriqueciam o prato acrescentando leite, alho, mozarella, anchovas e pequenos peixes cicinielli. Alguns, mais inventivos, começaram a dobrar suas massas recheadas, inventando assim o célebre calzone.
Em 1830 foi aberta a primeira pizzaria napolitana, chamada Port Alba, que em pouco tempo se transformou no ponto de encontro de pintores, poetas e escritores famosos da época. Um deles foi Alexandre Dumas, que mencionou nas suas obras as variações de pizza mais populares na segunda metade do século XIX. O autor de Os três mosqueteiros chegou mesmo a descrever a receita de uma pizza feita com banha, toucinho derretido, queijo, cicinielli e tomate.
Outro caso curioso ocorreu em 1889, quando o rei Humberto I e a rainha Margarida passaram o Verão em Nápoles, no palácio Capodimonte. A rainha já tinha ouvido falar muito no prato que se tornara típico daquela cidade. Os comentário na corte eram todos excitantes, mas ela nunca tinha provado uma pizza. Foi, então, chamado ao palácio um conceituado pizzaiolo, Don Raffaelo Esposito. Ele e sua mulher foram apresentados ao casal real, conduzidos à cozinha e começaram imediatamente a preparar sua especialidade. No final, Don Raffaelo ofereceu aos reis vários tipos de pizza - mas a que agradou mais à rainha foi uma que irradiava as três cores nacionais da Itália, verde branco e vermelho, ressaltadas por mozzarela, pelo tomate e pelo basílico. Negociante esperto, Don Raffaelo logo ali a batizou de Pizza Alla Margherita, o que lhe rendeu avultados lucros no seu restaurante e notoriedade histórica na culinária italiana.
Juntamente com a Pizza Napolitana, a Pizza Alla Margherita fez Nápoles conquistar a Itália, e, logo, a Itália conquistar o mundo, pela via gastronomica. Acrescente-se à pizza um vinho saboroso e uma canção aveludada e compreender-se-á por que razão a Itália ficará para sempre como a terra do prazer e da paixão. 
Existe, porém, uma outra versão para o aparecimento da pizza. Trata-se de uma bem-humorada lenda napolitana que afirma ter a pizza surgido da preguiça de um grande cozinheiro da cidade. Vendo a massa à sua frente e enfastiado por ter que a cortar pacientemente, até chegar à forma de macarrão, pegou no molho de tomate e atirou-o para cima da pasta estentida, e levou ao forno para ver o resultado. E assim teria nascido a pizza. 


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