sexta-feira, 28 de abril de 2017

O OLHAR DO FOTÓGRAFO

Esse texto foi escrito como matéria de discussão para um curso sobre Fotografia do Documentário, dado por Adrian Cooper na escola Dragão do Mar em 1997.

 O fotógrafo, quase sempre, é o principal responsável pelas imagens que compõem um documentário, podendo ser considerado assim o co-autor do filme. Frequentemente o diretor assume a função de "coordenador" ou "produtor" (na televisão inglesa, o diretor é, de fato, intitulado produtor). As imagens que o fotógrafo produz, com sua própria "visão" (tempo, duração, ângulo, aproximação ou distância, movimento, e sobretudo, seleção do que é importante) são, essencialmente, o conteúdo do filme.
Assim, cabe ao fotógrafo compreender e traduzir a visão do diretor, e para isso é necessário que ele (ou ela) seja consciente da "linguagem" do filme que está fazendo. Ele precisa entender a "gramática" do cinema - a construção de um filme - para poder oferecer ao diretor e ao editor os parágrafos, as frases e as palavras individuais que irão criar o filme final. No cinema, diferentemente da fotografia fixa, as imagens só têm significado quando se inter-relacionam para contar a história.
E como contar a história?
Em poucas palavras, enquanto trabalha, o cinematógrafo deve responder para si mesmo as seguintes perguntas:
- Onde estamos e como parece? (localização)
- O que está acontecendo e, implicitamente, porque estamos aqui?
- A quem acontece e/ou quem está fazendo acontecer?(introdução aos personagens)
- Como eles reagem ao que está acontecendo? (externamente)
- Que efeito provoca? (internamente)
- O que eles pensam ou sentem sobre isso? (subjetivamente)
- O que nós (o filme) achamos disso? ( a atitude crítica intrínseca do filme)
Algumas destas perguntas serão respondidas aos poucos, em fragmentos que só mais tarde, na montagem, se tornarão claros. Certas imagens, por si só, respondem parcialmente a várias perguntas. Outras propõem novas questões. Esteja atento para onde você levado enquanto filma.
Há várias maneiras de responder a estas questões. Atitudes que podem ser tomadas pelo fotógrafo. Atitudes que ajudam o fotógrafo a encontrar seu caminho. Antes de mais nada, ele precisa ter bem claro (juntamente com o diretor) qual é a intenção do filme, e portanto, a intenção das imagens. Isso precisa ser compreendido e absorvido para que seu olhar e sua intuição fiquem em sintonia com as necessidades do filme. Em segundo lugar, a mente e a memória precisam ser treinadas para que, durante a filmagem, coloquem constantemente essas questões e busquem respostas para elas. Isso é bem mais difícil do que parece. O fluir da filmagem de um documentário - o desenrolar dos acontecimentos à medida que você filma - muitas vezes o afastam do que pretendia fazer, levando inclusive a becos sem saída.
O diretor deve ajudar o fotógrafo a manter o rumo, ou retornar quando se desvia, mas cabe ao fotógrafo ficar atento para onde está indo. O diretor está frequentemente envolvido na antecipação de novas situações, relacionando-se com outras pessoas à margem da filmagem ou incentivando potenciais atores. Muitas vezes o diretor depende do fotógrafo para capturar momentos não programados e roubar reações espontânea, quando a atenção do sujeito é desviada, às vezes pelo próprio diretor. Isso exige que o fotógrafo esteja constantemente alerta, atento a tudo que aconteceao seu redor, e não somente na frente da câmera.
Muitas vezes, as imagens mais significativas e reveladoras são rodadas quando o diretor não está oficialmente filmando. Isso significa que o fotógrafo tem grande autonomia e responsabilidade. Ele precisa ser capaz de pensar e trabalhar sozinho, levando em conta as necessidades do filme e o custo da filmagem (especialmente do negativo). Isto requer também um bom relacionamento com o assistente de câmera e o técnico de som, ambos os quais devem estar em sintonia com o trabalho do fotógrafo, antecipando os acontecimentos.
Finalmente, o fotógrafo deve ser capaz de compor (e editar) mentalmente a história. Deve ter certeza que conseguiu as imagens necessárias para contar a história e, ao mesmo tempo, precisa pensar na maneira que está contando a história: a linguagem que está usando, a poesia com que se expressa. Isso é parte intuição, parte experiência, e, principalmente, decisões tomadas conscientemente.

ESTEJA ATENTO!
Filmando: coloque-se num estado de profunda ignorância e curiosidade, mas apesar disso, enxergue tudo com antecedência. (Bresson)
O segredo do bom fotógrafo (e assistente de câmera e o técnico de som): Esteja atento, antecipe, mas seja paciente e deixe o significado (a essência), surgir e revelar-se.

ATITUDES E COMPORTAMENTOS - Durante a Filmagem
Respeito e empatia. É óbvio, e não deveria ser necessário repetir, que tanto individualmente como em conjunto, os membros da equipe devem ter como premissa básica o respeito por aqueles que estão filmando. Esse respeito deve ser demonstrado (e sentido) o tempo todo, em qualquer circunstância; desde a chegada da equipe até a hora de ir embora, e mesmo depois.
Quantas vezes se tira fotos das pessoas, prometendo mandá-las depois, e essas fotos nunca são entregues? Quantas vezes se deixa lixo no local da filmagem? Quantas vezes objetos são emprestados, móveis e quadros são tirados do lugar, buracos de pregos feitos nas paredes, plantas pisoteadas no jardim, e nada disso é consertado ou devolvido?
Isso não quer dizer que a equipe tenha que ser subserviente ou hipócrita, mas apenas que trate as pessoas como gostaria de ser tratada. Não esqueça que essas pessoas estão lhe dando algo precioso que você precisa. Atenção e respeito para com elas pode ser a melhor maneira de agradecer.
Algumas regras básicas para qualquer situando:
- Nunca jogue lixo no chão. Leve um saco plástico e utilize-o!
- Sempre coloque os objetos de volta no lugar onde estavam.
- Conserte ou então pague pelos estragos - sejam eles riscos na parede ou um vaso quebrado.
- Respeite sempre o espaço e o tempo do outro.
As equipes de cinema, infelizmente, costumam achar que têm direito de se impor, como se o ato de filmar desse especial permissão para invadir a privacidade das pessoas. Isso não é verdade. Respeito pelo outro é a palavra-chave. Além de ser essencial com as pessoas de fora, esse respeito deve estar presente entre os membros da equipe. Muitas vezes as relações de poder dentro da equipe transbordam, afetando a vida de outras pessoas. É preciso que haja igualdade entre os integrantes da equipe. Todos precisam aprender a trabalhar em conjunto, como uma única entidade e entender que todos são igualmente importantes.
Se isso é verdade para a equipe como um todo, é especialmente importante para o diretor e o fotógrafo, que em geral se relacionara mais diretamente com as pessoas que estão sendo filmadas. Os dois devem ser bons ouvintes, pacientes com as dificuldades que as pessoas podem ter de se expressar ou se deixar filmar.Nunca devem tratar o sujeito como objeto. Às vezes isso pode ser difícil. As exigências da filmagem criam limitações que provocam impaciência: a luz está mudando, outras sequencias tem de ser rodadas, a equipe precisa almoçar, etc. Ou então, após o contato inicial, conclui-se que o sujeito escolhido para ser filmado não é de fato adequado, sendo necessário explicar isso sem ofender ou diminuir a pessoa. Em geral, quando se explica o que está acontecendo, a pessoa se sente participante e compreende as dificuldades. Para o fotógrafo, a quem cabe a difícil tarefa de impor sua lente sobre as outras pessoas, isso exige uma boa dose de tato e sensibilidade.
Isto é especialmente verdadeiro quando é necessário filmar pessoas e situações que o filme desaprova.
Há ocasiões em que é necessário saber recuar e ocupar um mínimo de espaço,tornando-se praticamente invisível para que o outro possa crescer e ocupar o espaço deixado por você e pela câmera. Permita que o outro apareça e se revele para você. Isso requer muita paciência. A capacidade de esperar, de sentir o momento certo de filmar, de sacar que o outro baixou a guarda e vai se mostrar como realmente é, na verdade só vem com a experiência e com muitas tentativas e erros. Mas também faz parte de estar atento, concentrado no que deve ser filmado e não no ato da filmagem.
Por outro lado, há situações em que é preciso engolir a timidez e o respeito natural pelo outro e se tonar gigante, uma autoridade sem medo. Ocupar o espaço do outro e exigir entrada.
Aprenda a entender os sinais, aprenda a linguagem do corpo!
Para os outros membros da equipe, é extremamente importante ficar atento no que está ocorrendo com a câmera. Muitas vezes uma bela sequencia é arruinada porque entram em quadro membros da equipe que estavam desatentos. Isso acontece muito. Em todos os momentos, deve haver uma atitude de alerta, de atenção no que está sendo filmado, para onde a câmera está voltada, e se está rodando ou não. A mesma coisa vale para o som.
Finalmente, nunca é demais repetir que o quesito da empatia é fundamental. A empatia vai além da simpatia - nasce do respeito e do reconhecimento. Quando existe empatia, o fotógrafo participa da realidade e o sujeito participa do filme. Essa qualidade não se aprende na escola, ela vem do coração. Embora invisível, inevitavelmente acaba surgindo na tela.
Existe uma verdade quando se faz cinema, principalmente documentário: tudo que acontece fora da tela, atrás da câmera, entre os membros da equipe, sempre acaba aparecendo na tela. Não se esqueça disso.
A câmera revela em duas direções: o que está na frente da lente e também o que está por trás.
LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
DES-CONSTRUÇÃO:
Filme outra coisa da mesma maneira ou então filme a mesma coisa de outra maneira. (Vertov)

Que nada seja mudado
mas tudo seja diferente.
Prefira o que a intuição sussurra em seu ouvido
ao que você já fez e refez
dez vezes na cabeça.
Seja tão ignorante do que vai apanhar
quanto o pescador, de sua vara de pescar,
o peixe que surge do nada
Torne visível aquilo que, sem você,
talvez nunca chegasse a ser visto
Seja o primeiro a ver o que você vê quando está vendo.
Tenha olhos de pintor. O pintor cria ao olhar.
(Bresson: Anotações sobre o cinematógrafo)

Esta anotações de Bresson se referem a seu trabalho em filmes de ficção, mas se aplicam igualmente ao fotógrafo de documentários. Já falamos sobre a responsabilidade do fotógrafo pelas imagens do filme. Agora vamos detalhar sua maneira de filmar, a linguagem que utiliza e cria para contar a história.
Existe uma gramática básica que serve para fazer qualquer cinema, seja ficção ou documentário. É óbvio que cada tipo de documentário (didático, institucional, investigativo, histórico, etc.) requer uma abordagem e um estilo diferente. Alguns dependem principalmente do texto lido pelo narrador e ilustrado pelas imagens. Outros contam com um repórter na tela, que dá explicações ao público. Outros deixam que as imagens contem a
             

CONTINUA...

domingo, 16 de abril de 2017

Projeto Caçadores de Cultura

https://www.catarse.me/guilda_dos_cacadores_de_cultura_496d?ref=facebook&utm_source=facebook.com&utm_medium=social&utm_campaign=project_share_insights

domingo, 9 de abril de 2017

O ORFANATO DA SRTA. PEREGRINE PARA CRIANÇAS PECULIARES

Como participo de algumas feiras e bienais costumo reservar sempre o último dia ou horário para adquirir um livro que esteja saindo muito. Fico alguns instantes observando o que estão carregando nas filas e depois vou ver se é um gênero que me agrada. É uma boa pesquisa para compreender o que está tendo êxito no grande mercado literário internacional. E foi assim que cheguei neste livro. 
Talvez eu esteja atrasada com a leitura já que pelo que vi este livro já tem mais dois ou mais volumes e até mesmo um filme. Mas como não é possível dar conta de tudo o nos jogam como necessidades de consumo, prefiro ir lendo aos poucos. Provavelmente este livro já está parado em minha estante há uns dois anos. 
O que atrai o olhar em uma primeira vista são as fotos bizarras que se espalham por toda a obra. Isso dá um ar sombrio ao livro e vai criando uma sensação estranha quando se manuseia. 
Poderia se dizer que o livro é uma mistura de Desventuras em Série (tem o mesmo clima) com Harry Potter (personagem que vai descobrindo ser uma criança peculiar e não um desajustado) que é bem interessante de ser lido como um passatempo.
Como toda série, ainda precisa aprofundar melhor os personagens especialmente por apresentar um tipo de realidade diferente e nova. As crianças do Orfanato da Srta. Peregrine, como o livro diz, não são os tradicionais bruxos, ou vampiros, ou lobisomens. São, como diz o nome da obra, peculiares e dotados de habilidades tão bizarras que se imagina estar visitando por um breve momento um daqueles circos onde pessoas deformadas eram apresentadas como aberrações.
Enfim, um livro interessante se você estiver procurando por um bom entretenimento. Provavelmente muito mais divertido para adolescentes e jovens já que a idade dos personagens se encontra congelada nesta época da vida. 

BOLO BABA DE MOÇA

 INGREDIENTES PARA O PÃO DE LÓ 6 OVOS, 6 COLHERES DE AÇÚCAR, 6 COLHERES DE FARINHA DE TRIGO, 1 COLHER DE FERMENTO EM PÓ, MANTEIGA PARA UNTAR...