sexta-feira, 29 de abril de 2011

HISTÓRIA EM QUADRINHOS PARA TABLETS E CELULARES

Para quem gosta de tecnologia e quadrinhos, uma reportagem interessante:


Publicados em dispositivos móveis, os quadrinhos clássicos estão voltando e incorporando recursos multimídias
ÉPOCA 17 abr. 2011



André Sollitto

Conhecer o passado de seus heróis favoritos sempre foi uma tarefa difícil para os fãs de histórias em quadrinhos. Para saber o que personagens famosos como o Batman e o Homem-Aranha faziam nas décadas anteriores, era necessário passar horas procurando revistas raras em sebos e lojas especializadas, acumular uma coleção enorme... e estar disposto a pagar caro por ela. A nova geração de fãs de quadrinhos, aparentemente, não precisará enfrentar esse problema. Com a chegada das HQs aos tablets e celulares, novos programas tornaram as histórias do passado mais acessíveis. E, com a possibilidade de incorporar recursos multimídias aos quadrinhos, podem revolucionar o gênero.

Com os programas, é possível obter grandes sagas clássicas fora de catálogo nas lojas e bancas de jornais. Enquanto as revistas chegam a custar pequenas fortunas em sebos e sites de leilão, suas versões digitais podem ser baixadas por preços acessíveis ou até de graça. E não é preciso se preocupar com manchas, páginas rasgadas e outros problemas comuns às versões em papel. É possível baixar os 12 capítulos de Crise nas infinitas terras, série lançada pela DC em 1985, ou comprar os encadernados da série The walking dead.

As coleções digitais ocupam obviamente menos espaço que suas versões físicas. Em média, as edições avulsas preenchem de 20 a 40 megabytes, e álbuns encadernados que compilam histórias completas chegam a 120 megabytes. Em um iPad de 64 gigabytes, dá para guardar o equivalente a uma garagem inteira de revistas de papel, sem correr o risco de ver as pilhas devoradas por insetos.

Também não é preciso procurar muito para encontrar histórias raras ou mesmo produções de artistas independentes. Em aplicativos como o Comixology, disponível para iPad, iPhone e Android (leia o quadro abaixo), publicações de grandes editoras como a Marvel e da DC dividem espaço com a cultuada Dark Horse e histórias de quadrinistas desconhecidos.

Como a variedade de títulos é enorme, fica difícil escolher o que vale a pena ler. Por isso, as próprias editoras oferecem aperitivos de histórias. Em geral, a primeira edição de uma aventura pode ser baixada gratuitamente. Depois de conhecer o começo, o leitor escolhe se continua a comprar o resto. Também há edições especiais gratuitas, como Umbrella academy 0. Escrita por Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance, e desenhada pelo brasileiro Gabriel Bá, a pequena HQ serve como prólogo para uma série que já tem 12 edições. Foi lançada no Free Comic Book Day, evento em que os fãs de quadrinhos não precisam pagar por seus objetos do desejo.

Os quadrinhos brasileiros já começam a chegar aos dispositivos portáteis. A primeira história lançada foi Sábado dos meus amores, escrita e desenhada por Marcello Quintanilla. A editora Conrad, que lançou o álbum, prepara ainda uma versão digital de Chibata! , escrita por Olinto Gadelha Neto e desenhada por Hemeterio. “O iPad reúne condições para virar o suporte ideal para divulgar autores e ideias”, diz Rogério de Campos, diretor da Conrad.

A maioria das revistas em tablets e celulares é versão digital das histórias de papel. Embora seja possível ampliar as páginas, dar zoom em cenas específicas e ler quadro a quadro, quase como uma animação, poucas edições aproveitam o potencial tecnológico dos tablets.
Uma das mais inovadoras é The first witch. Escrita por Karrie Fransman, que publica tiras no The Times e no The Guardian, ela retrata as aventuras de uma dona de casa que foge de sua rotina e vira bruxa. A diferença está no modo como ela deve ser lida: o desenho completo só aparece se o tablet ou o celular forem movimentados para cima e para baixo, ativando o sensor de movimento. “É um novo modo de ler, como se os dispositivos digitais fossem uma janela para outro mundo”, diz Karrie. Os aplicativos foram feitos por Jonathan Plackett. A dupla prepara novos quadrinhos para tablet. “As funções do iPad, como o sensor de movimento, de posicionamento global, as câmeras, a bússola e o gravador, podem ser usadas para criar histórias impossíveis no papel”, diz Plackett.

Para que todas as HQs aderissem às novidades, porém, seria necessário gastar muito com equipamentos, programas e equipes específicas. A solução seria aproveitar alguns efeitos, sem transformar as histórias em animações. Youssef Mourad, presidente da Digital Pages, empresa especializada em transpor revistas e jornais para aparelhos portáteis digitais, acredita que é possível surpreender sem gastar muito. “Basta investir em uma linguagem mais próxima das inovações digitais do que das limitações do papel, sem transformar a editora em um estúdio hollywoodiano”, diz.

As HQs no tablet vão vingar apenas se conseguirem atrair os fãs tradicionais. “O leitor de gibis precisa ser convencido de que há vantagem em acumular arquivos digitais em seu tablet”, diz Mourad. Não deve ser tão difícil. A venda de gibis em bancas vem caindo desde o início do século – mas os álbuns e os encadernados vêm fazendo sucesso. O tablet é uma oportunidade de lançar álbuns mais baratos (ou gibis com o luxo do álbum). Além de manter a praticidade da revistinha (algo que a onda de HQs na internet pelo computador não consegue fazer), os tablets e celulares têm cores mais vistosas e maior nitidez. Também resistem melhor ao tempo.

“Está havendo uma transição do colecionador de revistas em papel para o colecionador digital – que tem interesse em guardar vários megabytes de histórias para mostrar para os amigos”, diz Mourad. É uma espécie de recomeço da saga dos quadrinhos.

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