sábado, 26 de junho de 2010

MUSASHI

Escrito por Eiji Yoshikawa (1892-1962), um dos escritores populares mais prolíferos e apreciados do Japão, é um longo romance histórico publicado inicialmente em forma de folhetim entre 1935 e 1939 no maior e mais prestigioso jornal japonês, o Ashi Shimbun. Em forma de livro teve catorze edições e, mais recentemente, foi publicado em quatro volumes pela editora Kodansha, integrando a coleção de 53 volumes das obras completas de Yoshikawa. Tema de produção cinematográfica cerca de sete vezes, foi levado ao placo continuamente e transformado em minisséries televisionadas por pelo menos três grandes redes de alcance nacional.
Miyamoto Musashi é um personagem histórico verdadeiro, mas através do romance de Yoshikawa ele e diversos personagens principais passaram a integrar o folclore vivo do Japão. Tornaram-se tão familiares ao público que pessoas começaram a ser comparadas a eles com freqüência, como gente que todo mundo conhece. Para o leitor estrangeiro esse fato contribui para tornar o romance ainda mais interessante, pois não só fornece uam porção romantizada da história japonesa, como também uma perspectiva de como os japoneses vêem a si mesmos e ao seu passado. Basicamente, no entanto, o romance será apreciado como uma audaciosa aventura do tipo capa-e-espada, que tem como pano de fundo uma história de amor reprimido, em estilo japonês.
Para dar uma "palhinha" aos que ficaram curiosos segue abaixo a transcrição da primeira página do livro que é gigante. No Brasil a editora Estação Liberdade o publicou em 2 livros com uma média de 900 páginas em cada tomo. Para quem gosta de ler e gosta de animes é diversão garantida.
Livro da Terra
O guizo
I
"E depois de tudo, céu e terra aí estão, como se nada tivesse acontecido. A esta altura, a vida e as ações de um homem têm o peso de uma folha seca no meio da ventania... Ora, que vá tudo para o inferno!", pensou Takezo.
Estirado imóvel entre os mortos, ele próprio mais parecendo um cadáver, resignava-se com o destino.
"É inútil tentar mover-me agora..."
Na realidade, estava exausto. Takezo ainda não se dera conta, mas devia ter algumas balas alojadas no corpo.
Desde a noite anterior, ou mais precisamente desde a noite de 14 de setembro do ano V do período Keicho (1600) até essa madrugada, uma chuva torrencial castigara a região de Sekigahara, e agora, já passado o meio-dia, as densas e baixas camadas de nuvens ainda não se haviam dissipado. Da massa escura que vagava pela encosta do monte Ibuki e pela serra de Mine, a chuva caía intermitente e branca, cobrindo uma área de quase quinze quilômetros, lavando as marcas da violenta batalha.
E essa chuva desabava ruidosa sobre o rosto de Takezo e os corpos ao redor. Como uma carpa esfaimada, Takezo abria a boca aparando com a língua a água que lhe escorria pelas abas da narina.
"Água para um moribundo..." O pensamento veio-lhe à mente entorpecida.
A coalizão ocidental, da qual fizera parte o seu exército, fora derrotada. A fragorosa queda tivera início no momento em que Kobayakawa Hideaki traíra os seus até então aliados e, em ousada manobra, juntara seu exército aos orientais, retornando em seguida sobre os próprios passos e avançando contra os postos de seus antigos alidados, Ishida Mitsunari, Ukita, Shimazu e Konishi.
Em apenas meio dia definiu-se o detentor do poder no país. Aquela batalha havia decidido o destino não só de milhares de combatentes, cujos paradeiros era ignorados, como também o das futuras gerações de filhos e netos daqueles homens.
" E também o meu..." pensou Takezo. De súbito, vieram-lhe à mente as imagens da sua única irmã e dos anciãos que havia deixado em sua terra. Por que não sentia nada, nem mesmo tristeza? Morrer seria isso?, perguntou-se. Naquele instante, a dez passos de distância, uma forma em tudo semelhante a um cadáver ergueu repentinamente a cabeça entre os corpos de soldados aliados e gritou:
- Take-yaaan!

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